segunda-feira, maio 12, 2008

Pangea Day - Especial (matéria)

PANGEA DAY, RIO DE JANEIRO, BRASIL

10 de maio de 2008.

O dia amanheceu chuvoso, névoa e umidade, um clima bastante incomum para o Rio de Janeiro, conhecida como a cidade do sol, das mulatas e do samba. Entretanto o que muitos não sabem é o quanto o cinema também faz parte da áurea da cidade. O número de cinéfilos e interessados por cinema é enorme. Mas a manhã de sábado foi completamente atípica e interferiu nas características da cidade. Agasalhos retirados, guarda-chuvas, gorros, enfim, objetos que normalmente são usados no inverno estavam fazendo parte do figurino das pessoas, em pleno início de maio.



Assim a manhã de sábado revelou que não seria um dia tipicamente carioca e tornando a paisagem mais parecida com alguma cidade européia, talvez, parecesse muito com o clima de Londres. A temperatura ao longo do dia foi por volta dos 17 graus mas no alto do Morro da Urca, local onde o evento foi realizado, a sensação térmica foi menor: altitude, proximidade com o mar, vento... mas quem estava bem agasalhado não tinha do que reclamar. É claro que em grande parte, o Pangea Day carioca e brasileiro foi afetado pelo clima e talvez São Pedro não tenha compreendido a importância da data...mas por si só, pelo significado da cidade ter sido uma das escolhidas para o evento, já deixa orgulhosos cariocas e brasileiros, natos ou por opção.

O Pangea Day começou para os jornalistas às 12:30 e meia-hora depois os convidados já podiam subir o bondinho rumo ao Morro da Urca. O evento principal que era o começo da transmissão do Pangea Day para o mundo só começaria às 15 horas mas antes disto, haveria o pré-evento, contendo muita música. As atrações atraiam não somente os cinéfilos que iam ao evento mas também os turistas que subiam para o Pão de Açúcar, uma vez que a visitação ao ponto turístico não foi interrompida.

O número de pessoas que foram assistir ao evento então, não pode ser quantativamente estipulada mas é possível sim ter idéia de quantos foram somente para assistir aos filmes. E como é possível fazer isto e não me refiro aos crachás utilizados e sim, a expressão genuína de felicidade e admiração em cada filme que era passado no telão.

A Mensagem – filmes e documentários

O desconhecido era o fator surpresa de cada um dos filmes exibidos no telão do anfiteatro do Morro da Urca. Alguns dos temas aos quais o Pangea Day fazia referência eram de conhecimento de muitos: guerra, fome, miséria, aquecimento global, amor porém, como os mesmos seriam abordados é que era o questionamento de todos. E os vídeos, como cada cidadão, de países e culturas diferentes abordaria tais temas? E eu, brasileiro, não conhecedor do idioma e da cultura em questão, vou entender o que o idealizador do documentário quis dizer?

O Pangea Day não queria mostrar as diferenças dos povos e sim, que apesar das diferenças existem as semelhanças e que elas são muito próximas. Os exemplos mais comuns que confirmam tal proximidade foram às reações aos filmes. Não importava de onde eles eram, a mensagem foi passada com precisão e clareza.

Entre os filmes de diversos países, tivemos pequenos documentários relacionados a sentimentos e ações cotidianos: amor, dor, maioridade, dançar, esperança, raiva, entre outros. E em cada um deles, uma pessoa, identificada pelo seu país e nome, falava ou demonstrava o que aquilo significava para si.

Ao todo foram exibidos 24 curtas alguns entretanto atraiu maior atenção dos presentes no anfiteatro. Entre eles, podem ser citados, os cinco seguintes:
- Dancing Queen – um filme gravado no celular que falava do prazer e da emoção que envolve a dança. Diretor: Sumit Roy, Nova Deli, Índia. Premiado diretor e seus filmes já foram apresentados em Cannes e Toronto.
(A reação do público, do início, com a inovação e originalidade e depois, no final, mostrando como foi obtido tal desempenho, emocionou e fez com que muitos dos presentes aplaudissem emocionados)
- Elevator Music - uma jovem adolescente e um senhor entram no mesmo elevador e cada um deles compete com seu celular e a música escolhida, a quebra do silêncio. Mas eles não ficam sozinhos muito tempo... Diretor: Serdar Ferit, Londres, Reino Unido. Escritor, diretor, editor e cinegrafista.
(O público ficou espantado pelo início e no final ria sem parar do resultado obtido mostrando que é possível um ambiente de paz, basta respeitar o próximo)
- Meninos – o dia-a-dia de crianças de uma escola onde elas vivem todos dramas e dúvidas da infância, incluindo sentimentos como aceitação e rejeição. Diretor: Ernesto Molinero, Brasil. O diretor do filme é argentino.
(Era o Brasil no Pangea Day, bem, como o curta mostra também o futebol, foi motivo para ser ovacionado do início ao fim!)
- Mutual Recognation – curta mostra a relação entre o Imam e sua esposa, falando o relacionamento de ambos. É uma visão de como o islamismo define conceitos universais como amor e respeito. Diretor: Jehane Noujaim. Produtora, diretora e cinegrafista, idealizadora do Pangea Day
(Devido à diferença cultural o público estranhou bastante o curta mas isto não impediu o mesmo de ser aplaudido no final e depois ser debatido entre alguns dos presentes)
- The Americana Project: Cuba – jovem adulto, que mora nos Estados Unidos, retorna para Cuba depois de treze anos para rever sua família e a experiência mostra o quanto à distância pode afetar uma família. Diretor: Topaz Adizes, Cuba. Diretor já percorreu mais de 40 países e é fluente em diversos idiomas, entre eles inglês e hebreu. Já foi diretor de televisão na Cidade do México.
(A proximidade cultural de Cuba emocionou muito dos brasileiros presentes e o curta bastante aplaudido)

O Significado do Evento

Pangea Day, um evento idealizado pela jornalista e documentarista Jehane Noujaim, contou com a presença de personalidades marcantes como a Rainha Noor, da Jordânia, a jornalista Christiane Amanpour, da CNN e as atrizes Meg Ryan, Goldie Hawn, da banda de música rock iraquiana Hypernova, entre muitos outros. O representante musical do Brasil foi o cantor e Ministro da Cultura Gilberto Gil, que cantou uma música francesa, ao vivo.

O Pangea Day foi um evento mundial que trouxe para o Rio de Janeiro e para o Brasil o sentido de que é possível batalhar por um ideal. Embora o público não tenha comparecido em massa, devido ao tempo e também alguns problemas relacionados com a comunicação deficiente, o evento foi bastante válido.

O Rio de Janeiro, ali caracterizado como o Morro da Urca, mostrou que pode ser palco de uma celebração como o Pangea Day. Ao público, boa parte formada por cinéfilos e cineastas, ficou evidente a boa infraestrutura, segurança, programação, entre outros motivos que fizeram com que boas recordações do mesmo fossem formadas. Entretanto, é preciso ressaltar uma falha que infelizmente aconteceu, não por culpa dos organizadores do evento mas, por uma deficiência ainda bastante acentuada, principalmente, no nosso país.

Um dos presentes como convidado foi o músico Marcelo Yuka, ex-integrante do grupo musical O RAPPA, que após um acidente é agora cadeirante. A falha que houve e de certa forma grave, é o mesmo, apesar de ter sido convidado para a área VIP do evento, não poder fazer parte da mesma pois o local onde esses convidados foram colocados não possui acesso para cadeira de rodas tendo somente, escadas. É uma falha sim mas, vale ressaltar, que acontece de maneira geral, no mundo todo.

E preste muita atenção ao dia 10 de maio de 2008 pois essa data se tornou um marco e pode ser a responsável por parte da mudança de pensamento de gerações. Ninguém pode deixar de acreditar que pode fazer diferença no mundo, que existem as diferenças culturais, religiosas, políticas mas há a igualdade também e que elas, devem ser mostradas para que a partir do ponto comum sejam trabalhados alguns sentimentos como, o desejo de paz, amor e felicidade.O objetivo do evento era um só, mostrar que através de filmes e música é possível mudar o mundo. O Pangea Day que aconteceu em seis cidades: Los Angeles, Londres, Kigali, Cairo, Mumbai e Rio de Janeiro.

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